Luanda, Angola – Um denunciante anônimo, alegando ter conhecimento interno, levantou uma série de acusações graves à gestão do Mercado 30. As alegações centram-se na figura de Frederico Cawé, identificado como o diretor municipal para a Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado do Saquele, que estaria a operar como um “administrador sombra”. Esta atuação estaria a minar a autoridade do administrador oficial do mercado, conhecido como “Mais Velho Cardoso”.
Segundo a denúncia, todas as deliberações, orientações e documentação referente ao mercado, incluindo a solicitação de espaços, estariam a ser geridas à distância a partir do Sequele, sob a direção de Cawé. A fonte detalha que qualquer pedido, como a atribuição de uma rolote, necessitaria de uma “ordenação específica do Sequele”.
Decisões Unilaterais e Falta de Transparência
Várias iniciativas e obras no Mercado 30 teriam sido implementadas sem o conhecimento ou consentimento do administrador Cardoso. Entre elas, o denunciante cita a recente asfaltagem na entrada do mercado, cuja contratação da empresa responsável terá sido feita diretamente pelo Saquelo. Adicionalmente, a instalação de uma placa para a cobrança de portagens – 1.000 kwanzas para viaturas ligeiras e 5.000 kwanzas para camiões por cada entrada – também teria apanhado Cardoso de surpresa.
Outras ações alegadamente tomadas à revelia da administração formal do mercado incluem a remoção de contentores e a contratação de uma empresa de saneamento para a recolha de lixo, que terá iniciado os seus trabalhos sem o conhecimento prévio de Cardoso. O denunciante reitera que todas as contratações são feitas pelo diretor Cawé, que não reportaria as suas ações ao administrador do mercado.
Questões Laborais e Salariais Controversas
A denúncia aborda também irregularidades na gestão de pessoal. Após uma “prova de vida” realizada em abril, alguns funcionários que haviam justificado a sua ausência por motivos de doença viram os seus nomes omitidos da lista geral. O informante sugere que esta exclusão pode ter sido intencional, afirmando que “90% do pessoal que o nome não apareceu na lista são familiares do Antônio Domingos” e que a ordem de remoção partiu de Cawé.
Foram também relatadas alterações salariais consideradas injustas. O salário do próprio administrador Cardoso teria sido reduzido de 200 para 180 (unidade monetária não especificada), enquanto outros funcionários viram os seus vencimentos aumentarem de 33.600 para 50.000, mas com a supressão do subsídio de alimentação.
Aumento de Taxas e Alterações Contratuais Questionáveis
A subida das taxas de cobrança de 200 para 250 kwanzas teria sido uma orientação direta de Cawé. Além disso, lojistas com contratos de pagamento mensal de taxas foram instruídos a mudar para um regime de pagamento diário. Esta medida é criticada pelo denunciante como financeiramente desvantajosa, devido ao aumento dos custos associados à impressão de um maior volume de fichas de cobrança
Clima de Insatisfação e Desrespeito Institucional
O denunciante descreve um ambiente de crescente insatisfação entre os funcionários do Mercado 30, antecipando possíveis focos de “confusão”. É ainda relatado um episódio de alegado desrespeito por parte de Cawé para com o administrador Cardoso, onde o primeiro teria ameaçado agredir fisicamente.
Projetos de reabilitação de pavilhões, iniciados por Cardoso, teriam sido suspensos por ordem de Cawé. O denunciante acusa o diretor de estar mais focado em ganhos financeiros, mencionando inclusivamente a venda de espaços no mercado
As alegações pintam um quadro de gestão paralela e centralizada, com sérias implicações para a operacionalidade e o ambiente laboral no Mercado 30, suscitando preocupações sobre a transparência e a legalidade dos processos em curso.




 
                                    