Icolo e Bengo, Angola – A classe artística da província de Icolo e Bengo encontra-se em estado de alerta, com relatos de desvalorização e inatividade cultural que ameaçam a própria existência da arte local. Representantes da cultura na região expressam profunda preocupação com a atual gestão e a ausência de iniciativas que promovam e valorizem os talentos da província.
de acordo com o compositor e músico Chilola de Almeida, morador do município do Calumbo, na centralidade Zango oito mil, e representante do setor cultural, descreve a situação como “não positiva” e justifica a sua avaliação com base em inúmeras reclamações de artistas locais. Segundo ele, “nada ainda foi feito para esta classe” e não há perspectiva de melhorias.
A principal crítica é direcionada ao atual diretor da cultura da Província do Icolo e Bengo, que, desde que assumiu o cargo, não conseguiu reunir com os fazedores de arte e cultura em um único encontro. Essa falta de diálogo impede a compreensão das necessidades dos artistas e a formulação de um plano cultural que represente a população de Icolo e Bengo.
Nos últimos seis a sete meses, a inação tem sido a tônica, com a ausência de saraus culturais, festivais ou programas que incentivem e massifiquem a arte entre os jovens.
A única actividade cultural observada foi um show de música integrado a um programa governamental de combate à pobreza, o que não é considerado uma manifestação cultural genuína. Essa realidade tem levado a juventude local a crer qu e o rumo da cultura na província “não é muito saudável”, e a preocupante afirmação de que “A cultura de Icolo e Bengo está morrendo. Agora podemos afirmar que está morta”.
Artistas reclamam da desvalorização e da falta de acesso a cachês em eventos locais. Há um sentimento de que artistas de fora da província são privilegiados, recebendo remuneração e hospedagem, enquanto os talentos locais são ignorados. Questiona-se se essa desvalorização dos “filhos da terra” é intencional, o que, se continuar, impedirá o surgimento de estrelas de Icolo e Bengo no cenário artístico nacional e internacional.
Os artistas e representantes culturais clamam por um recomeço, com a realização de um encontro alargado de escuta com os artistas da província. O objetivo seria coletar sugestões para a criação de um plano cultural para o próximo ano, que verdadeiramente reflita na vida das pessoas.
Icolo e Bengo é uma província rica em história e cultura, berço de figuras como “o rei do Ungo”, o famoso camonço, que inspirou Agostinho Neto. Há um vasto potencial a ser explorado, desde o estudo de instrumentos tradicionais até a valorização de jovens que veem na arte uma forma de subsistência e de afastamento de problemas sociais como a delinquência e a prostituição.
Esses jovens necessitam de visibilidade, palcos e oportunidades para mostrar seus talentos. A expectativa é que esta intervenção pública sirva de subsídio para que o atual diretor da cultura, Dr. Henriques, possa reavaliar sua abordagem e implementar programas que incentivem e descubram novos talentos, além de congregar as diversas expressões culturais e religiosas para um resgate de valores.
Apesar de o Dr. Henriques ser uma pessoa com quem o representante cultural mantém contato, não houve um convite formal para que a classe artística contribuísse com sugestões para a melhoria de seu trabalho. O grito de socorro em nome dos artistas de Icolo e Bengo é unânime: a cultura da província está morrendo e precisa de atenção urgente.




