Em um evento que marcou a valorização da mídia digital em Angola, jornalistas foram homenageados pelo Partido Liberal (PL) por seu trabalho e contribuição para o país. A iniciativa gerou discussões sobre o papel da imprensa digital, a liberdade de expressão e a postura do governo angolano em relação a esses veículos.
Escrivão José, diretor do Jornal Hora H, expressou orgulho pela condecoração, ressaltando que a iniciativa reconhece o trabalho que as mídias digitais têm feito pelo país. Ele enfatizou a importância de “esvaziar o discurso de que só o Presidente da República, João Lourenço, pode condecorar as figuras que contribuíram para o desenvolvimento deste país”. Para Escrivão, a homenagem é um incentivo para continuar trabalhando pelo bem de Angola.
Isidro Kanganjo, Propretário e jornalista do Factos Diários, também destacou o orgulho de ser reconhecido por um partido político novo, fundado por um jovem, que valoriza os feitos das mídias digitais. Kanganjo ressaltou que as mídias digitais são uma “grande alternativa para a expansão daquilo que são a realidade do país, aquilo que não passa nos órgãos de comunicação social públicos, um órgão pago com o dinheiro dos Estados”. Ele parabenizou o Partido Liberal e expressou a esperança de que outros partidos e o Ministério da Comunicação Social aprendam com esse gesto.
Para o fundador e proprietário da Tv Nzinga Kapita Inga, também homenageado, afirmou que a mídia digital “ocupa o espaço”, mas lamentou a pouca valorização por parte do Governo. Inga classificou a homenagem do Partido Liberal como um “marco para todos nós que estamos no mundo digital fazendo jornalismo e também uma chapada sem mão ao próprio Governo Central do MPLA”. Ele criticou o governo por “ter fechado as portas” aos jornalistas digitais e o Ministro da Comunicação Social, a quem chamou de “incompetente”, por não ter tido a mesma iniciativa do Partido Liberal.
De acordo com António Cassoma, director e jornalista da Rádio Primeiro , fez um contraste direto entre o discurso do Ministro da Comunicação Social e a acção do Partido Liberal. Ele descreveu o discurso do ministro como “infeliz”, pois, para o governo, “só os órgãos que passam aquilo que lhes convém são os órgãos endeusados, agraciados”. Cassoma elogiou o Partido Liberal por reconhecer o “empenho, a dedicação, o trabalho árduo que os jornalistas dos órgãos digitais têm feito”. Ele defendeu que “sem os órgãos digitais hoje não teríamos a liberdade que temos de imprensa e de comunicação em Angola”.
Questionado se o governo angolano tem medo da mídia digital, António Cassoma afirmou que “é visível que o governo angolano tem sim”. Ele explicou que esse medo não é por serem o “quarto poder”, mas sim pela “descredibilidade dos órgãos tradicionais” como a TPA, Rádio Nacional, Jornal de Angola e Angop. Segundo Kangandjo, a mídia alternativa, como TV MAIOMBE, a TV HORA H, FACTOS DIÁRIOS e TV NZINGA, oferece maior credibilidade. Cassoma concluiu que o medo do governo é que “os órgãos digitais tomem o controle daquilo que é a informação, do que é a credibilidade que fomos alcançado ao longo desse tempo as populações”.
