Partido Liberal (PL) emerge no panorama político angolano, posicionando-se como porta-voz da juventude e propondo uma abordagem diferenciada para os desafios do país, com foco nas eleições de 2027. O partido busca desmistificar a percepção de ser um “apêndice” de partidos estabelecidos por meio de suas ações e ideologia.
Em resposta às alegações de ser um “apêndice do MPLA” ou de surgir apenas na “boca das urnas”, o secretário nacional da Juventude do Partido Liberal Higino Cambanda, classificou tais afirmações como uma “generalização imperfeita” e uma “caracterização enviusada” pelo percurso histórico. A validação do caráter do partido, segundo ele, será demonstrada pelas suas acções e pelo trabalho desenvolvido.
O Partido Liberal fundamenta suas diretrizes no histórico de activismo cívico de seu presidente e fundador, conhecido pela denúncia de irregularidades na gestão pública, e por um trabalho “essencialmente descomprometido”. O partido desafia a apresentação de factos políticos que comprovem qualquer favorecimento ao MPLA ou prejuízo à UNITA.
O Partido Liberal almeja um caminho de distanciamento político, buscando autonomia e não dependência de outras forças. Sua ideologia centra-se no liberalismo econômico, que preconiza maior iniciativa privada, menor tributação, maior investimento na produção nacional e redução da inflação. O PL argumenta que o atual modelo socialista de governação em Angola resulta em ineficiência administrativa, desperdício de recursos públicos e restrição das liberdades individuais. A proposta do PL é um Estado focado em funções essenciais como diplomacia, segurança e administração da justiça, com menor intervenção estatal na economia para promover a prosperidade dos cidadãos e, consequentemente, do próprio Estado.
Para o pleito de 2027, o Partido Liberal aspira conquistar a juventude angolana, que representou 55% dos eleitores em 2022. Acredita-se que, com o apoio desse segmento, a vitória nas eleições é possível. Apesar do ceticismo inerente, o partido manifesta confiança em suas ideias, na inteligência e no trabalho de seus membros. A liderança jovem, com o vice-presidente abaixo dos 45 anos e o presidente com idade significativamente inferior à dos “gurus” da política, é vista como um indicativo de força e maior capacidade de mobilização em todo o país.
O processo de constituição do Partido Liberal envolveu a coleta de assinaturas em diversas províncias, a realização de um congresso e a oferta de formação política, evidenciando um esforço considerável de mobilização e organização. A receptividade nas ruas tem sido positiva, com muitos cidadãos, notadamente jovens, buscando filiação e demonstrando identificação com as propostas do partido.
Em relação à atual governação, o Partido Liberal expressa insatisfação, apontando problemas como o elevado desemprego, a fome e a desvalorização do Kwanza. Enfatiza a necessidade de um maior empenho e de honestidade em relação às dificuldades do país. O partido sustenta que a “esperança” reside em “caminhar para frente” e que é fundamental que críticos e céticos contribuam para o debate e para a construção de um futuro melhor.
O Partido Liberal declara-se aberto ao diálogo com outras forças políticas para discutir os problemas de Angola, independentemente dos envolvidos. A recente partilha de imagens de propostas políticas do PL pela empresária Isabel dos Santos foi interpretada pelo partido como uma livre manifestação de uma cidadã angolana, sem implicar qualquer exclusividade ou aliança.
O partido reconhece o esforço do executivo nas comemorações dos 50 anos de independência de Angola, mas encoraja gestos mais inclusivos e a discussão sobre os heróis nacionais, visando um consenso para o futuro do país. Acredita-se que os líderes atuais devem legar um país de consenso e prosperidade para as futuras gerações. O Partido Liberal reitera que a política é um dinamismo contínuo e que sua luta pode demandar tempo, mas a persistência é essencial.
