Luanda, Angola – Duas semanas após o reajuste do preço do gasóleo para 400 kwanzas por litro e da tarifa dos táxis coletivos para 300 kwanzas por viagem, os cidadãos angolanos expressam um crescente descontentamento, afirmando que a vida está a tornar-se insustentável. A medida, que visava supostamente alinhar os preços aos custos de mercado, tem provocado um impacto direto e severo no custo diário de mobilidade, gerando uma onda de reclamações entre trabalhadores e estudantes.
Apesar de uma adesão inicial ao novo valor por parte de alguns, a maioria da população considera o preço excessivamente elevado, desproporcional ao atual custo de vida no país. O que antes era um meio de transporte acessível, agora representa um peso significativo e insuportável no orçamento familiar de muitos angolanos.
O testemunho de Mariana Gaspar, empregada doméstica, é um reflexo da dura realidade enfrentada por milhares: “Tem dias em que não consigo ir ao trabalho e trazer comida para casa ao mesmo tempo. O dinheiro que gastava num dia agora não chega nem para dois.” A sua declaração sublinha a profunda crise que as famílias de baixo rendimento estão a enfrentar, forçadas a fazer escolhas difíceis entre necessidades básicas como transporte e alimentação.
Sem alternativas viáveis para a sua deslocação diária, a população apela veementemente ao governo para que considere a situação dos trabalhadores e estudantes, as categorias mais afetadas por estas novas tarifas. Os pedidos são claros e urgentes: a implementação de passes sociais, a atribuição de subsídios complementares ou um reforço significativo na rede de transporte público são algumas das soluções propostas para aliviar o impacto esmagador desta medida.
A insatisfação popular é um sinal claro de que o aumento, apesar das justificações governamentais, não está a ser absorvido pela capacidade financeira da maioria dos angolanos. A ausência de medidas compensatórias ou de uma infraestrutura de transporte público robusta agrava a crise, colocando em cheque a mobilidade e o acesso a oportunidades para uma vasta camada da sociedade. A pressão sobre o governo para encontrar soluções eficazes e céleres só tende a aumentar, à medida que a população sente cada vez mais o aperto no orçamento familiar.




