Lunda-Norte, Angola – A decisão do Governo Provincial da Lunda-Norte de adquirir e entregar viaturas para os gabinetes provinciais está a gerar forte controvérsia e indignação. A medida, anunciada pela Governadora, surge num momento em que alunos, pais e encarregados de educação de várias escolas dos municípios de Mussungue, Dundo, Cambulo e Chitato clamam por melhores condições de ensino, incluindo carteiras, portas, janelas e casas de banho.
O contraste entre a chegada de veículos novos e o estado degradado das escolas é chocante. Crianças, em pleno século XXI, continuam a estudar sentadas no chão, expostas ao calor e à poeira, em ambientes que pouco contribuem para a dignidade e a aprendizagem. A falta de saneamento básico e de infraestruturas adequadas aumenta o risco de doenças e dificulta a assimilação de conhecimento.
A aquisição das viaturas, vista como um gasto desnecessário e irresponsável por ativistas e cidadãos, evidencia uma alegada falta de prioridade nas questões mais essenciais. O ativista social António Chibuabua Martins classificou a situação como o “orgasmo da irracionalidade e da incompetência governamental”, questionando a lógica por trás de destinar verbas para carros de luxo enquanto a base da educação desmorona.
Para Chibuabua, o impacto da falta de condições nas escolas vai além do desconforto. Ele defende que a solução passa pela destinação de orçamentos específicos para a compra de carteiras duráveis e para a reabilitação de casas de banho com sistemas de drenagem eficientes. Sugere ainda que a manutenção preventiva de portas e janelas seja assegurada por empresas especializadas, com um fundo comunitário alimentado pela Administração Municipal, Governo Provincial e outras iniciativas.
A situação põe em xeque as prioridades do plano de governação da província. Enquanto os novos veículos deslizam pelas ruas, milhares de crianças continuam a aprender em condições precárias. A educação, especialmente o ensino primário e o primeiro ciclo, precisa ser o centro das decisões, começando por garantir condições básicas e dignas nas escolas. A comunidade local e a sociedade civil esperam uma resposta e uma mudança urgente de rumo por parte das autoridades provinciais
