Os moradores do bairro Estalagem, localizado em Luanda, Angola, estão denunciando uma série de problemas que tornam suas vidas insustentáveis, incluíndo estradas em péssimas condições, escassez de água potável e a perseguição constante por parte da polícia. Segundo os residentes, a situação é tão crítica que eles não estão vivendo, mas sim “sobrevivendo”.
Um morador, que se identificou como José do Acuto, expressou sua frustração, questionando a presença de um governador e um presidente quando as necessidades básicas da comunidade não são atendidas. A população reivindica, acima de tudo, oportunidades de emprego, pois muitos jovens com formação acadêmica não conseguem encontrar trabalho e acabam optando por serem mototaxistas ou, em alguns casos, se envolvem em atividades ilícitas.
A infraestrutura do bairro é descrita como caótica. As estradas estão em estado crítico e, durante a estação das chuvas, acumulam tanta água que os moradores não conseguem sair de casa, e há o risco de crianças serem arrastadas pela correnteza. Na estação seca, as vias ficam cheias de areia. Os residentes pedem que o governo construa sistemas de drenagem para resolver o problema de alagamento.
A falta de acesso à água potável é outro problema grave. Um morador relatou que a água é difícil de encontrar e que os mototaxistas vendem um galão de 20 litros por 150 kwanzas, um preço 15 vezes maior do que o custo original na fonte, que é de apenas 10 kwanzas.
Os mototaxistas do bairro relatam que são alvos frequentes da polícia, que, em vez de combater criminosos, estaria mais interessada em extorquir dinheiro deles. Eles afirmam que, mesmo apresentando a documentação completa, os policiais exigem propina, com valores que podem chegar a 10.000 kwanzas, e chegam a confiscar suas motos. Um mototaxista relatou que os agentes justificam o confisco das motos dizendo que estão agindo sob ordens do comandante.
Os motoristas também questionam por que a polícia os persegue diariamente quando eles estão apenas tentando ganhar a vida. Eles afirmam que a polícia não se interessa em combater a criminalidade real, como assaltos, que ocorrem frequentemente no bairro.
A frustração da população se estende ao governo do Presidente João Lourenço. Um morador sugeriu que a quantia de milhões de kwanzas gasta em um recente jogo amistoso de futebol com a Argentina deveria ter sido usada para ajudar a população que enfrenta a fome e a falta de recursos.
A população sente que o governo está em uma “guerra invisível” contra o próprio povo. Um morador expressou a crença de que o presidente está ciente do sofrimento do povo e está “comandando” essa perseguição, e que as vidas da população “se complicaram” desde que ele assumiu o poder.




